Escrevivências
O termo “Escrevivências”, trazido pela escritora afro-brasileira, Conceição Evaristo, busca ficcionalizar as vivências da população negra, compor uma narrativa que valorize suas subjetividades e apresente suas percepções no processo de construção literária.
Suas principais características na literatura, como o cuidado no uso da linguagem que deve se aproximar da oralidade para dialogar com o leitor; o uso de palavras cotidianas que trazem identificação com a rotina do público; o tempo cíclico, entrelaçando passado e presente, além da narrativa que fala das experiências do indivíduo ao mesmo tempo que se confunde com as experiências do coletivo.
O projeto iniciado em 2021, partiu do interesse em pesquisar os vestígios e manifestações da memória Africana presente no município de Nepomuceno. Os pesquisadores tratam do resgate de elementos culturais presentes nas comunidades afro-brasileiras locais, possivelmente remanescentes dos quilombos que existiam na região. A partir do material encontrado são analisados os possíveis desenvolvimentos dessa cultura na sociedade atual, bem como as condições de vida desses sujeitos e sua relação com o trabalho.
Algumas pessoas entrevistadas ainda vivem uma situação de apagamento, não se reconhecendo como figuras importantes na comunidade ou ainda desconhecendo a própria história e as relações com a época da escravidão, mesmo quando o local onde nasceram foi registrado como um remanescente de quilombo.
O registro fotográfico junto ao projeto se justificou por fortalecer os elos de memória entre diferentes gerações, possibilitando a recriação de laços de pertencimento e permanência das pessoas no município, ressignificando a sua presença na cidade e reescrevendo suas percepções acerca de si mesmos.