Você sabia que existem vários usos para a placenta após o nascimento do bebê, e que é possível fazer um ritual de plantio e despedida?
A placenta é a primeira casa do bebê. É um órgão 100% autônomo, que se desenvolve na gestação única e exclusivamente para nutrir aquele embrião até o seu nascimento.
Quando a mulher entra em trabalho de parto e pare, logo em seguida, nasce também a placenta. E só então, o parto termina. Uma prática que tem sido difundidada é o corte tardio do cordão umbilical, neste momento. Quando se espera alguns minutos após o nascimento da placenta, para que o bebê tenha um aporte maior de ferro e outros nutrientes que são bombeados por ela. Com a respiração do bebê, o cordão umbilical vai parando de pulsar aos poucos e quando para totalmente, os pais podem cortá-lo. Nas cirurgias cesarianas, o órgão é retirado após o bebê, via de regra, com o cordão umbilical já cortado.
Existem muitos sites e locais que podem dar mais informações detalhadas à respeito deste processo, principalmente considerando partos naturais e partos normais. Mas quero trazer hoje um pouco do que pode ser feito com a placenta após o corte do cordão umbilical.
Algumas comunidades tradicionais andinas e asiáticas tem extremo respeito por este órgão sensacional. É possível consumir o órgão em cápsulas, sucos, shakes e sopas, visando uma reposição nutricional e hormonal da mulher no pós parto. Mulheres que usaram dizem ser fundamental para uma recuperação puerperal. Para estes usos, recomendo a contratação de uma consultoria placentária.
O meu uso foi um pouco diferente e mais ritualístico. Desde o princípio, quando pensei neste assunto, eu quis plantar a placenta. Em reverência e gratidão à tudo que ela fez pelo bebê. Acabou sendo um ritual de reencontro comigo mesma, pois tudo fez parte de um processo interno de expansão e luz!
Como não sabia onde eu a plantaria, eu a congelei. E ela ficou lá por dois anos até eu estar pronta para realmente realizar o ritual. Acredito eu que esta “demora” se deu em função do meu primeiro puerpério, que foi muito intenso e profundo. Quando meu filho foi chegando próximo ao seu aniversário de dois anos, eu senti que era o momento de me despedir do meu puerpério, uma vez que eu já estava grávida do meu segundo filho.
Descongelando a placenta
A placenta estava armazenada num recipiente plástico, com tampa, dentro do congelador. Como o meu parto foi domiciliar, ela foi direto para o processo de congelamento, o que impede a proliferação de bactérias.
Para descongelar, eu a retirei do recipiente plástico e coloquei numa tampa plástica sob o sol por algumas horas. Antes de plantar, decidi fazer um “print”, que nada mais é do que um carimbo do formato da placenta.
A placenta ficou algumas horas sob o sol, até que sua superfície tenha ficado flexível para que o carimbo pudesse ser possível no papel. Não é necessário que a placenta descongele totalmente, até porque a decomposição dela é muito rápida e o cheiro pode não ser agradável caso isto aconteça. Com o miolo ainda um pouco congelado, até o manuseio se torna mais fácil. Ela irá soltar um pouco de sangue. Guarde-o para usar como “tinta”. Caso prefira um desenho colorido, é possível utilizar tintas também, de preferência à base de água, como a tinta guache.
Fazendo o “print”
A partir daí, a coloquei numa bandeja de alumínio, forrada com plástico e papel toalha absorvente. Arrumei a placenta do lado da árvore da vida, que é o lado onde o cordão está mais aparente (veja no vídeo do Youtube).
Peguei o sangue que tinha soltado no momento do descongelamento e passei sobre a superfície da placenta, para prepará-la para a impressão do carimbo no papel.
Separei três tiras de papel para que eu pudesse chegar num resultado mais satisfatório. E foi ótimo, porque no primeiro eu tinha feito uma letra “D” com o cordão umbilical e tinha me esquecido que o carimbo é espelhado. E o “D” ficou ao contrário. Daí, consertei a letra D e deu certinho. Usei um papel Canson 180 gramas. Mas é melhor utilizar papéis mais absorventes, tipo os de aquarela.
Então vamos lá, para o print:
- Papel Canson 180g ou superior
- Placenta preparada do lado do cordão umbilicar
- Sangue da placenta ou tinta guache
Para o carimbo, basta tocar o papel na placenta com delicadeza, sobre toda a superfície que se queira registrar.
Plantio e Despedida da Placenta
O ritual de plantio e despedida da placenta foi feito em família. Participamos meu marido, meu filhote e eu. Enquanto a placenta estava descongelando, nós preparamos a cova onde ela seria plantada.
Escolhemos um pé de goiabeira que temos no quintal. Tivemos uma consultoria placentária e é recomendado, energeticamente falando, que placenta de meninos sejam plantadas em árvores frutíferas e de meninas em flores. Mas não é regra, é só uma recomendação.
Então, para o plantio (veja o vídeo no YouTube):
- Cova rasa de aproximadamente 15 a 20 centímetros de profundidade
- Pedras para forrar o fundo (para ajudar na drenagem durante a decomposição)
- Pó de café (para ajudar na decomposição e no cheiro)
- Ervas desidratadas ou naturais (usei hibisco, camomila, cravo, canela e alecrim do campo)
- Terra preparada com mais substrato drenante (menos argila, mais areia)
Com a cova pronta, coloque a placenta, decore com flores, velas ou o que você achar necessário para este momento. Coloque um mantra, uma música ou contemple o silêncio. Reserve um tempo para orações, agradeça. E enterre a placenta.
Eu agradeci pela vida, pela minha e do meu filho, por termos em sincronia, vivido tudo isso juntos! E agradeci pelo meu puerpério, que me ensinou tanto sobre a maternidade.
Afinal, eu já estava começando a escrever uma nova história. A chegada do meu segundo filho!
Espero que tenham gostado!
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